Título: Vida e morte na Ética de Espinosa o caso do poeta espanhol
Título alternativo: Life and death in Spinozaa Ethics the account of the spanish poet
Autoria de: Igor Matheus de Souza Santos
Orientação de: Luiz Roberto Takayama
Presidente da banca: Luiz Roberto Takayama
Primeiro membro da banca: Flávio Fontenelle Loque
Segundo membro da banca: Renato dos Santos Belo
Palavras-chaves: morte, mudança, forma, natureza, desejo
Data da defesa: 12/12/2023
Semestre letivo da defesa: 2023-2
Data da versão final: 19/12/2023
Data da publicação: 19/12/2023
Referência: Santos, I. M. d. S. Vida e morte na Ética de Espinosa o caso do poeta espanhol. 2023. 138 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Filosofia Licenciatura Plena)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2023.
Resumo: No escólio da proposição 39 da Parte IV da Ética, Espinosa escreve que ????De fato, nenhuma razão me obriga a sustentar que o Corpo não morre senão enquanto mudado em cadáver e mais, a própria experiência parece persuadir-me do contrário??????, pois, com efeito, pode acontecer a alguém que padeça tais mudanças, pelas quais sua natureza muda para outra de todo diversa da anterior, de modo ????que não é fácil dizer que o homem continue o mesmo, como ouvi contar sobre um Poeta Espanhol??????. Espinosa não apenas amplia a significação de morte, mas o faz lançando mão de uma anedota, a do poeta espanhol, que, afetado por um doença da qual no entanto se curou, ficou porém tão esquecido de sua vida passada que não acreditava serem suas as fábulas e tragédias que escrevera. Nosso trabalho consiste na perseguição do sentido e das implicações que se seguem desta passagem, em três grandes momentos. Primeiro, esta significação de morte que Espinosa introduz depende não da organicidade dos corpos, mas se estabelece pela definição de Indivíduo, o que sugere que seu sentido se funda ontológica e não organicamente. Donde que este primeiro momento consiste na perseguição de uma significação de vida na Ética de Espinosa que seja correlata àquela insólita definição de morte. O segundo momento cuida de descrever em termos gerais aquilo de que esta definição de morte depende, seja direta ou indiretamente, tal como é suscitada pela referência ao caso do poeta. Trata-se então de uma exposição sobre a ????pequena física???? de Espinosa, pela qual temos a definição de Indivíduo, bem como a descrição do mecanismo gerador de imagens no corpo humano, do qual dependerá a memória. No terceiro momento, confrontamos o texto de Espinosa com uma leitura já estabelecida daquela passagem sobre a morte do poeta, a de Ulysses Pinheiro (2009) que teria encontrado no recurso ao caso do poeta e sua referência à memória os elementos necessários para erigi-la como ????condição necessária da continuidade da identidade pessoal????. A nós parece, todavia, que antes de solicitar um critério de identidade, a anedota do poeta nos suscita a pensar as relações que devemos assumir atuar, implícitas ou latentes, entre a potência de afetar e ser afetado de um corpo e a potência de existir e agir de uma coisa singular. Se um corpo é dito morrer quando da mudança de sua forma e sua inaptidão para afetar e ser afetado, o caso do poeta, em que a morte não implica uma transformação em cadáver, mas sua transformação em outro indivíduo, nos solicita a pensar que a morte, e, em contrapartida a vida, põem em jogo a singularidade de uma existência, a maneira singular pela qual a coisa, em função dos afetos que têm, é determinada em seu esforço por perseverar em seu ser. De modo que haveríamos de afirmar que o poeta morreu não apenas porque seu corpo fora destruído quando da mudança em sua forma, mas também porque, em última instância, deixou de ser poeta.
Abstract: In the scholium of proposition 39 of Part IV of the Ethics, Spinoza writes that In fact, no reason obliges me to maintain that the Body does not die except while it is changed into a corpse and what is more, experience itself seems to persuade me otherwise..., because, in fact, it can happen to someone that they undergo such changes, by which their nature changes to another that is completely different from the previous one, so that it is not easy to say that one remains the same, as I heard about a Spanish Poet.... Not only does Spinoza broaden the meaning of death, but he does so by using an anecdote, that of a Spanish poet who, affected by an illness from which he was cured, was nevertheless so forgetful of his past life that he didnt believe that the fables and tragedies he had written were his own. Our work consists of pursuing the meaning and implications that follow from this passage, in three major moments. Firstly, the meaning of death that Spinoza introduces does not depend on the organicity of bodies, but is established by the definition of the Individual, which suggests that its meaning is ontological and not organically based. Thus, the first stage consists of searching for a meaning of life in Spinozas Ethics that correlates with that unusual definition of death. The second section describes in general terms what this definition of death depends on, either directly or indirectly, as the reference to the poets case suggests. It is then an exposition of Spinozas little physics, by which we have the definition of the Individual, as well as a description of the image-generating mechanism in the human body, on which memory depends. In the third moment, we confront Spinozas text with an already established reading of that passage about the poets death, that of Ulysses Pinheiro (2009), who would have found in the use of the poets case and its reference to memory, the necessary elements to erect it as a necessary condition for the continuity of personal identity . It seems to us, however, that before asking for a criterion of identity, the poets anecdote prompts us to think about the relationships that we must assume to act, implicit or latent, between a bodys power to affect and be affected and a singular things power to exist and act. If a body is said to die when its form is changed and his ineptitude to affect and be affected, the case of the poet, in which death does not imply a transformation into a corpse, but its transformation into another individual, prompts us to think that death, and life on the other hand, bring into play the singularity of an existence, the singular way in which the thing, depending on the affections it has, is determined in its effort to persevere in its being. So we would have to say that the poet died not only because his body was destroyed when his form was modified, but also because, ultimately, he ceased to be a poet.
URI alternaviva: sem URI do Repositório Institucional da UFLA até o momento.
Curso: G024 - FILOSOFIA (LICENCIATURA PLENA)
Nome da editora: Universidade Federal de Lavras
Sigla da editora: UFLA
País da editora: Brasil
Gênero textual: Trabalho de Conclusão de Curso
Nome da língua do conteúdo: Português
Código da língua do conteúdo: por
Licença de acesso: Acesso aberto
Nome da licença: Licença do Repositório Institucional da Universidade Federal de Lavras
URI da licença: repositorio.ufla.br
Termos da licença: Acesso aos termos da licença em repositorio.ufla.br
Detentores dos direitos autorais: Igor Matheus de Souza Santos e Universidade Federal de Lavras
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